Olá, pela última vez por aqui :) vou contar dos últimos acontecimentos, para fechar as postagens do blog.
Bom, na quarta pela manhã, acordei cedo para tentar me despedir dos meninos. Foi tenso. Já acordei com olheiras enormes. Saí pro corredor principal, e Jaro, Patko e Rujenka estavam me esperando. Sentamos, conversamos um pouco, eles perguntaram sobre a noite anterior, se eu estava chorando... eu ri forçadamente, disse que sim e mudei de assunto. Daqui a pouco chegaram Baby Patko, Fabo... e eu com aquele aperto no peito. Aí desceram Zdenka e Iveta pra ir pra escola, e vieram se despedir. Aí não aguentei, chorei de novo. Aí os meninos ficaram com aquela cara de triste, só olhando pra mim... e depois foi a hora deles também irem. Entre lágrimas, abracei todos eles e dei tchau pela última vez.
Fui pro meu quarto, chorei mais um monte enquanto terminava de arrumar minha mala... Deixei uma carta pra Emma, que tinha saído às 6h30 pra visitar a escola de Katka. Fui tomar café às 9h, tieta Jana me deu tanta comida, só vocês vendo. Dei um presente pra ela "Toto je toi, d'akujem ranajky, obed, vecera..." (meu eslovaco muito avançado, obrigada). Ela me abraçou, agradeceu e eu desci. Pouco depois vieram me chamar que o carro pra me levar a Bratislava tinha chegado. Ao fechar a porta do meu quarto pela última vez, não aguentei.. desabei. As mulheres do escritório só olhavam pra mim, com pena, carinho, não sei. Tieta Dada me abraçou e começou a enxugar minhas lágrimas, inutilmente, porque elas não paravam de cair! Tirei do bolso um chaveirinho que tinha guardado pra ela, entreguei, e ela "own, zlata! (querida)" e me abraçava.
Fui descendo, dei tchau às outras funcionárias, tentando me conter ainda. Mas ao sair da porta principal, quem estava brincando lá fora? Dushanko. Só de olhar pra ele, desabei. E ele me olhou, sem entender nada na sua inocência de cinco anos de idade. Dei um beijo nele, tentando sair dali o mais rápido possível... dei tchau a ele, à tieta Denisa, e entrei no carro.
No caminho, enquanto uma das funcionárias ia conversando com tieta Matcha e o motorista, eu fui olhando a vista pela última vez, aquele trajeto que tanto fiz no Slovak Lines. Chegamos no Polus City Center, onde eu iria encontrar Nad'a, Kika, e Martin, um dos meninos da AIESEC Comenius que estava indo pra Lisboa fazer um Erasmus (intercâmbio acadêmico) por cinco meses. Coincidentemente, nossos voos eram no mesmo dia e ele resolveu ir de carona junto comigo e Kika.
Nos despedimos de Nad'a e Katka, deixamos as duas em sua reunião de transição de presidência, e seguimos em direção ao aeroporto de Viena. Um caminho turbulento, com direito a chuva de granizo, ou sei lá o que era, e raios, depois que cruzamos a fronteira com a Áustria. Quilômetros depois, o tempo normalizou. Ô lugar doido :P
No aeroporto, fizemos check-in, passamos no supermercado pra comprar almoço (não sabia se meus voos teriam comida decente), e nos despedimos de Kika. Ela me deu um presente lindo: um alce de pelúcia com um cachecol branco com a bandeira da Eslováquia. Ela disse que lembrou de mim com o cachecol, é uma linda mesmo! Mil abraços, Thaís chora mais um pouquinho, e bye-bye, Kika.
Segui com Martin pros portões de embarque. E aqui fica uma dica pra quem pretende viajar pro exterior: os aeroportos do mundo não são os aeroportos de Recife, ou mesmo de Guarulhos. São enormes. Depois da porta de entrada, daquela maquininha de raio X, tem um mundo inteiro pra você andar até o seu portão de embarque. Portanto, se seu voo sai às 16h, dirija-se ao portão de embarque com bastante tempo de antecedência. Conselho importante!
Bom, eu e Martin entramos, nossos portões de embarque eram próximos. Os dois com horários de voo semelhantes, e destinos finais semelhantes, só que minha passagem era Viena-Milão Milão-Lisboa e a dele Viena-Frankfurt Frankfurt-Lisboa. E íamos chegar mais ou menos na mesma hora em Lisboa, e íamos para o mesmo hostel. Combinamos de nos encontrar no aeroporto.
Depois dos meus dois voos, encontrei com Martin no aeroporto, na fila de espera da mala. A minha eu não ia pegar, despachei direto pra Recife. Bastante medo de que não chegasse, em três voos... torcendo pra dar tudo certo. Pegamos a mala de Martin e saímos para encontrar Claudia, a buddy dele do Erasmus. Ah, buddy é uma pessoa da organização, naquele país, que fica responsável por auxiliar o intercambista nos primeiros passos. Como se virar na cidade, documentação, etc. A Claudia foi super simpática, nos recebeu e saímos do aeroporto pra pegar o ônibus em direção ao hostel.
Clima em Lisboa estava fresquinho, uns 12ºC. Pra mim estava ótimo, a Cláudia estava morrendo de frio! E eu e Martin só curtindo a brisa hahahaha... Bom, desde que coloquei os pés em Lisboa já me senti mais ou menos em casa, caindo a ficha de que o intercâmbio tinha terminado. Árvores parecidas com as do Brasil, palmeiras e afins... Pessoas falando português, e não só portugueses: acho que tem tantos brasileiros quanto portugueses em Lisboa, tanto turistas quanto residentes, sério.
Ônibus organizado, cada parada de ônibus tem um painel eletrônico dizendo quanto tempo vai demorar até o próximo veículo. Ok, isso pra me lembrar que ainda estava na Europa, hehehe. No caminho pro hostel, passamos em frente a uma grande casa de shows em Lisboa, que tinha um cartaz enorme na frente. O que era o cartaz? "Michel Teló - 24 de fevereiro". Sim, ele vai dominar o mundo!!! Não tirei foto porque não deu tempo.
Descemos na praça Marquês de Pombal e caminhamos até o Lisboa Central Hostel. O recepcionista era um cara de uns 50 anos, super engraçado e que nos mostrou todas as instalações e explicou os detalhes bem direitinho. Tudo em inglês, por conta de Martin, que por enquanto só fala português básico (mas sério, ele é ótimo, vai aprender muito rápido!).
Gente, só elogios pra hostel. Super limpo e organizado, estrutura ótima! Ficamos conversando um pouco na sala, depois me despedi da Claudia, agradecendo o favorzão que ela nos tinha feito. Fui tomar banho e dormir. Ah, ainda conheci um cara da Suécia que estava fazendo intercâmbio em Faro (cidade próxima), e que foi passar a noite no hostel porque tinha passado umas semanas visitando a família. Uma figura, galego do cabelo rastafari. E depois um cara de Londres, já mais velho, com quem não conversei muito.
Bom, entrei na internet pra dar sinal de vida, e fomos dormir. Acordamos às 7h30. Fui tomar banho, depois tomar café. A cozinheira era brasileira de Belo Horizonte, mas já morava em Lisboa há 10 anos, com a família inteira. Conversei um monte com ela, comi pão de forma, geléia de goiaba, entre outras coisas, já relembrando a comida da minha terra.
Depois, saí com Martin com destino ao centro, perto do rio. Ele precisava resolver umas questões da faculdade em que ele ia estudar, então pegamos o metrô, descemos depois de três estações e passeamos um pouco pelas ruas, conversando, tiramos umas fotos. Às 10h ele pegou o barco/balsa pra cruzar o rio, em direção ao outro lado da cidade. Daí me despedi do meu último vínculo com a Eslováquia, desejei muita sorte a ele... pena que não tiramos uma foto juntos. Fiquei sozinha, e fui andar pelo centro, munida do meu mapa. Mas só o utilizei pra me localizar e não ir pra muito longe, porque cada esquina era digna de uma foto. E seguem algumas da minha caminhada:
Rio Tejo
Mercado da Ribeira
Casa de Fernando Pessoa
Avenida da Liberdade
Acima, vista de um parque/praça pertinho do hostel. Monumento do Marquês de Pombal com o rio Tejo ao fundo. Que tristeza, hein? :P
Bom, andei um monte, e depois voltei pro hostel. Troquei de roupa, porque morri de calor lá fora. Uns 15ºC com sol, e eu de casaco e moletom. Queeeeeeeente! Só fiquei pensando em como ia sobreviver quando chegasse em Recife. Saí do hostel, fui almoçar num self-service perto. Comida praticamente brasileira, com atendentes brasileiros. É, tava em casa, mesmo.
De lá, peguei o ônibus pro aeroporto, e já fui pra sala de embarque, apesar de ser cedo. Decisão mais acertada da minha vida! Ô lugar enorme!!! Depois da fila imensa pra escanear a bagagem de mão, um caminho enorme com lojas até os portões de embarque, e o meu era um dos últimos. Cheguei cedo ainda, mas melhor que correr muito risco :P
Comprei uns perfumes no free shop, como não poderia deixar de fazer, e embarquei. Voo lotado! minha cadeira era no corredor, e super desconfortável :( Não consegui dormir, mas assisti a uns filmes e a comida estava até boa. Depois de 7 horas intermináveis, home sweet home.
Fui uma das primeiras a descer, mostrei o passaporte na polícia, e depois pegar a mala. Torando aço (foi mal pela expressão, mas era isso mesmo) pra que ela chegasse sã e salva, afinal, era uma única mala, perder ela significaria perder tudo. Depois de uma espera de 40 minutos, milhões de turistas com 3, 4 malas cada um... a minha apareceu!! Peguei, segui pra saída, não quiseram me parar na alfândega pra revistar mala - ainda bem. Saí, milhões de pessoas esperando seus amigos e parentes. Entre as cabeças, avisto meu irmão Rodrigo, e depois minha mãe, rindo e acenando freneticamente como é bem característico dela, né? haha. Mas enquanto caminhava pra perto deles, saindo da multidão, vejo meus lindos companheiros de Ebuilders (meu corpo de diretores): Jam, primeiro que abracei, além de Matheus, Lu e Rafa. Depois falei com meus pais. E aí, um calor infernal! E eles dizendo que nem tava quente, ar-condicionado ali dentro, e do lado de fora chovendo. Mas pra mim estava quente!
Conversamos um pouco, mas já era mais de 22h e eu estava a-ca-ba-da. Fui pra casa com meus pais, onde conversamos, mostrei fotos, abri a mala inteira... e aquele ritual de quem chega de viagem.
Bem, é isso. Já voltando à rotina, na sexta mesmo já fui pra reunião de diretoria, e depois pizza com os amigos. É bom, mas é muito estranho estar de volta. Não parece que alguns dias atrás eu estava lá, com meus moleques, sem entender nada - ou quase nada - do que as pessoas falavam, e podendo falar português sem ninguém entender, ou só Armando entendendo (quando estava em Bratislava).
É, a aventura acabou, a saudade ficou. Obrigada a todos que acompanharam, deram forças, incentivos, elogios, etc. E desculpem-me pela tristeza nas últimas postagens, foi inevitável. Foi uma experiência muito intensa, não tenho como definir exatamente como me sinto hoje. Só sei que estou muito feliz por ter conhecido pessoas tão maravilhosas como Armando, Kika, Emma, Janetka, minhas crianças... e tantos outros que cruzaram meu caminho e comentei por aqui. Viajar é meu maior prazer, e cada vez que conheço lugares novos tenho uma maior certeza quanto a isso. Agradeço muito a Deus e à minha família por terem me proporcionado essa experiência.
Beijos e dovidenia, adeus! É só isso, não tem mais jeito, acabou...